Inpe: taxa de desmatamento cai 30% na Amazônia e 25% no Cerrado

  • 06/11/2024
(Foto: Reprodução)
Na Amazônia, área desmatada entre a temporada de 12 meses de agosto de 2023 a julho de 2024 é a menor para uma temporada do Prodes desde 2017. Na edição anterior, esse número foi de 9.064 km² - agosto de 2022 a julho de 2023. Uma visão de drone mostra a devastação do incêndio florestal em meio à fumaça na Amazônia, em Lábrea (AM) (6 de setembro) Bruno Kelly/Reuters A área desmatada na Amazônia foi de 6.288 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, de acordo com números oficiais do governo federal divulgados nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Apesar das queimadas de agosto e setembro, quando comparado ao último levantamento do Inpe, houve uma queda de 30,6% do total da área desmatada entre as duas temporadas. Na edição anterior, esse número foi de 9.064 km², entre agosto de 2022 e julho de 2023. Os números são do relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), considerado o mais preciso para medir as taxas anuais. Ele é diferente do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que mostra os alertas mensais – e que já sinalizava quedas na devastação nos últimos meses e no último ano. Com essa redução de 2776 km², a taxa divulgada este ano é a menor para uma temporada do Prodes desde 2017. "Se existe um tema tenso dentro e fora do país é desmatamento... mas estamos colhendo os frutos dessa ação integrada com políticas estaduais e o setor privado", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. "Conseguimos resultados importantes, reduzindo o desmatamento de mais de 9 mil km² para 6 mil km², uma queda de 45%. Isso é compromisso e trabalho em conjunto. O que faz a diferença são as ações de ordenamento territorial e os instrumentos econômicos e regulatórios, não apenas comando e controle", acrescentou. Nos últimos 20 anos, o índice atingiu sua marca mais alta em 2004, quando 27,7 mil km² foram desmatados (veja gráfico abaixo). Porém, depois disso, quando levado em consideração o período seguinte, houve uma queda constante nesses números, e a temporada com menor desmatamento na Amazônia em toda a série histórica do Prodes foi em 2012, com 4,5 mil km². A situação só se inverteu novamente em 2015, quando a área desmatada aumentou, chegando a 10.129 km², em 2019; 10.851 km², em 2020; e 13 mil km², em 2021. O número apenas voltou a cair no último ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL), atingindo a marca de 11.594 km². Bolsonaro, porém, assumiu o governo com uma taxa inicial de desmatamento em torno de 7.500 km², a qual não apresentou reduções quando comparada com o índice do começo do seu mandato. "É uma ótima notícia em um dia de grande revés para a agenda de clima, por conta da eleição de Donald Trump. O número é expressivo e mostra que a eliminação do desmatamento no Brasil é possível. Se o presidente Lula fala sério em assumir papel de liderança na agenda de clima, este é o momento. E o desmatamento zero é o caminho", avalia Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima (OC). Para a rede de entidades ambientalistas, essa redução expressiva do desmatamento na Amazônia é um passo positivo que mostra o potencial do Brasil em cumprir suas metas climáticas. No entanto, o OC alerta que, para avançar ainda mais ruma às metas de campanha de Lula, o governo deve resolver contradições internas, "conter pressões do Congresso por projetos que enfraquecem a proteção ambiental e aumentar sua ambição climática", incluindo o fim do desmatamento até 2030 e a limitação dos combustíveis fósseis. “O mundo precisa de um líder na agenda de clima, e o governo Lula tem todas as chances de assumir esse papel. Compromissos pelo fim do desmatamento e a eliminação do uso de combustíveis fósseis são o passaporte para essa liderança”, acrescenta Astrini. “Os números de desmatamento de 2024 são uma enorme credencial para o Brasil, mas é preciso ir além. Precisamos de ambição e ousadia". Números do Cerrado O Cerrado perdeu 8.174 km² de vegetação nativa entre agosto de 2023 a julho de 2024. O número representa uma queda de 25,7% em relação ao apurado no período anterior (11.002 km²) e a primeira redução em quatro anos no bioma. O balanço também é do projeto Prodes Cerrado, mantido pelo Inpe, órgão do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI). Ainda de acordo com os dados do governo, o desmatamento caiu 76,4% nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região conhecida como Matopiba, principal área de desmate no bioma. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, os quatro estados reduziram a área desmatada em relação ao período anterior. Na Bahia, a queda foi de 63,3%, seguida por 15,1% no Maranhão, 10,1% no Piauí e 9,6% no Tocantins. A manutenção do Cerrado é condição para a distribuição da água pelo Brasil. O bioma, por ter o solo mais alto, absorve a umidade e leva água para 8 das 12 bacias importantes para o consumo de água e geração de energia no país. Ainda segundo o ministério, com o resultado dessa queda nos dois biomas, houve uma redução nas emissões de gases de efeito estufa de 400,8 milhões de toneladas de CO2 e por desmatamento na Amazônia e Cerrado em relação ao ciclo 2021/22. LEIA TAMBÉM Queimadas se concentraram em florestas públicas, grandes propriedades, terras indígenas e UCs, aponta relatório As 8 imagens mais impressionantes da seca e das queimadas no Brasil Queimadas na Amazônia resultaram em 31 milhões de toneladas de gás carbônico Queimadas na Amazônia afetam ar de todo país

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/11/06/inpe-taxa-de-desmatamento-na-amazonia-cai-306percent.ghtml


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